quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Oscar Wilde




"A beleza é muito melhor do que a inteligência, porque ela dispensa explicações."

"Qualquer preocupação com a idéia do que é certo ou errado em comportamento revela um desenvolvimento intelectual retardado."

"Quero o supérfulo, porque o necessário todos têm"

Amigos

Escolhi meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim um louco e santo. Deles não quero respostas, quero meu avesso. Quero-os santos, para que não duvidem dos diferentes e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão estéril.

A Morte de Narciso

Quando Narciso morreu, a taça de água doce que era o lago dos seus prazeres converteu-se em taça de lágrimas amargas e as Oréadas vieram carpindo pelos bosques a fim de cantar para ele, consolando-o.

E quando perceberam que o lago se transmudara de taça de água doce noutra de lágrimas amargas, desgrenharam as tranças verdes do seus cabelos e disseram:

- Não nos admiramos de que pranteeis Narciso dessa maneira. Ele era tão belo!

- Narciso era belo? - indagou o lago.

- Quem sabe melhor do que vós? - responderam as Oréadas. Ao cortejar-vos, ele nos desprezava, debruçado às vossas margens mirando-vos, e, no espelho de vossas águas, contemplava a própria beleza.

E o lago retrucou:

- Eu amava Narciso porque, quando ele se debruçava sobre as minhas margens para contemplar-me, eu via sempre refletir-se no espelho dos seus olhos a minha própria beleza.

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