terça-feira, 19 de maio de 2009

de uma carta de Hélio Pellegrino

"O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome."

quinta-feira, 30 de abril de 2009

É isso...

"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"

(C.F.A.)

sexta-feira, 20 de março de 2009

Music When the Lighs Go Out

Well is it cruel or kind
Not to speak my mind
And to lie to you
Rather than hurt you
Well I'll confess all of my sins
After several large gins
But still I hide from you
Hide what's inside from you.

And alarm bells ring
When you say your heart still sings
When you're with me
Oh won't you please forgive me
I no longer hear the music
Oh no no no no no

And the memories of the pubs and the clubs
And the drugs and the tubs we shared together
Will stay with me forever
But all the highs and the lows and the tos and the fros
They left me dizzy
Won't you please forgive me
I no longer hear the music

I no longer hear the music when the lights go out
Love goes cold in the shades of doubt
The strange fate in my mind is all too clear
Music when the lights come on
The girl I thought I knew has gone
And with her my heart it disappears

Well I no longer hear the music

All the memories of the fights and the nights under blue lights
And all the kites we flew together
I thought they´d fly forever
But all the highs and the lows and the to´s and the fro´s
They left me dizzy
Won't you forgive me
I no longer hear the music
I no longer hear the music

I no longer hear the music when the lights go out
Love goes cold in the shades of doubt
The strange fate in my mind is all too clear
Music when the lights come on
The girl I thought I knew has gone
And with her my heart it disappears
I no longer hear the music
I no longer hear the music

- The Libertines -

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sem Título

Uma pintura de Pollock e muito longe dos objetos de porcelana azuis

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

K.

Só sei que deveriam inventar o teletransporte logo, porque isso de esperar não tá com nada =\

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Oscar Wilde




"A beleza é muito melhor do que a inteligência, porque ela dispensa explicações."

"Qualquer preocupação com a idéia do que é certo ou errado em comportamento revela um desenvolvimento intelectual retardado."

"Quero o supérfulo, porque o necessário todos têm"

Amigos

Escolhi meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim um louco e santo. Deles não quero respostas, quero meu avesso. Quero-os santos, para que não duvidem dos diferentes e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão estéril.

A Morte de Narciso

Quando Narciso morreu, a taça de água doce que era o lago dos seus prazeres converteu-se em taça de lágrimas amargas e as Oréadas vieram carpindo pelos bosques a fim de cantar para ele, consolando-o.

E quando perceberam que o lago se transmudara de taça de água doce noutra de lágrimas amargas, desgrenharam as tranças verdes do seus cabelos e disseram:

- Não nos admiramos de que pranteeis Narciso dessa maneira. Ele era tão belo!

- Narciso era belo? - indagou o lago.

- Quem sabe melhor do que vós? - responderam as Oréadas. Ao cortejar-vos, ele nos desprezava, debruçado às vossas margens mirando-vos, e, no espelho de vossas águas, contemplava a própria beleza.

E o lago retrucou:

- Eu amava Narciso porque, quando ele se debruçava sobre as minhas margens para contemplar-me, eu via sempre refletir-se no espelho dos seus olhos a minha própria beleza.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Vantage Point




Em português o filme se chama "Ponto de Vista", que conta uma história em 8 perspectivas diferentes sobre a mesma coisa, que foi quando, num atentado na Espanha, balearam o presidente (adivinha da onde, pra causar tanto alvoroço) durante uma conferência de combate ao terrorismo. É muito legal, e fiquei viajando depois, pensando em quem eram os verdadeiros terroristas, apesar de logo no começo já imaginar que ficaria pensando isso no final. Se for parar pra procurar tem umas críticas que acharam o filme uma merda, mas sempre tem... é a era hollywoodiana, né...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Seiscentos e sessenta e seis

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é sexta feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

(Mário Quintana)